GASTOS TRIBUTÁRIOS E CRESCIMENTO ECONÔMICO NO BRASIL ENTRE 2004 A 2015: UMA AVALIAÇÃO EMPÍRICA

Autores

  • Caique Corcelli Universidade Federal do Paraná

DOI:

https://doi.org/10.55532/1806-8944.2020.100

Palavras-chave:

gastos tributários, política fiscal, crescimento econômico

Resumo

Durante os Governos Lula e o primeiro Governo Dilma, os chamados gastos tributários da União cresceram a taxas anuais expressivas visando estimular o crescimento econômico. A desaceleração a partir de 2011, frente a expressiva expansão dos gastos tributários, lançou dúvidas a respeito da eficácia desta política pública. O presente trabalho utiliza dados dos Demonstrativos do Gasto Tributário para estimar a relação entre gastos tributários e crescimento econômico no Brasil a partir de um modelo de Painel, inspirado em Devarajan et. al. (1996). Os resultados apontaram que para cada 1% de aumento na razão gastos tributários/PIB, o crescimento per capita anual é reduzido na média em 0,013% e esta relação é linear. Argumenta-se que isso se deve ao fato de que os gastos tributários exigem poucas contrapartidas em termos de investimento, emprego e inovação tecnológica em setores de ponta, influenciando pouco o crescimento de longo prazo.

Referências

ANDREAZZI, M. F. S.; OCKÉ-REIS, C. O. Renúncia de arrecadação fiscal: subsídios para discussão e formulação de uma política pública. Physis: Revista de Saúde Coletiva, v. 17, n. 3, p. 521–544, 2007. . Acesso em: 06 de dezembro de 2018.

ARNOLD, J. M.; BRYS, B.; HEADY, C.; et al. Tax policy for economic recovery and growth. The Economic Journal, v. 121, p. 59-79, 2011. https://onlinelibrary.wiley.com/doi/pdf/10.1111/j.1468-0297.2010.02415.x. Acesso em: 06 de dezembro de 2018.

ARELLANO, M.; BOND, S. Some tests of specification for panel data: Monte Carlo evidence and a application to employment equations. The Review of Economic Studies, v. 58, n. 2, pp. 277-297. Oxford University Press, 1991.

BAIARDI, D.; PROFETA, P.; PUGLISI, R.; SCABROSETTI, S. Tax policy and economic growth: does it really matter? International Tax and Public Finance, v. 26, p. 1-35, 2018. https://link.springer.com/article/10.1007/s10797-018-9494-3. Acesso em: 06 de dezembro de 2018.

BALTAGI, B. H. Econometric analysis of panel data. John Wiley & Sons, 2005.

BARRO, R. J. Economic growth in a cross section of countries. The Quarterly Journal of Economics, v. 106, n. 2, p. 407–443, 1991. <http://www.nber.org/papers/w3120>. Acesso em: 06 de dezembro de 2018.

BARRO, R. J. Government spending in a simple model of endogenous growth. The Journal of Political Economy, v. 98, n. 5, p. 103–125, 1990. <http://www.jstor.org/stable/2937633?seq=1#page_scan_tab_contents>. Acesso em: 06 de dezembro de 2018.

BARRO, R. J.; BECKER, G. Fertility Choice in a Model of Economic Growth. Econometrica, v. 57, n. 2, p. 481-501, 1989. https://www.jstor.org/stable/pdf/1912563.pdf?seq=1#page_scan_tab_contents. Acesso em: 06 de dezembro de 2018.

BECKER, G.; MURPHY, K.; TAMURA, R. Human Capital, Fertility, and Economic Growth. Journal of Political Economy, v. 98, n. 5, 1990. https://www.ntaccounts.org/doc/repository/Becker_et_al.pdf. Acesso em: 06 de dezembro de 2018.

BRASIL. Lei complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006. Casa Civil – Brasil, 2006. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/LCP/Lcp123.htm. Acesso em: 06 de dezembro de 2018.

BRASIL. Lei complementar nº 139, de 10 de novembro de 2011. Casa Civil – Brasil, 2011a. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/Lcp139.htm. Acesso em: 06 de dezembro de 2018.

BRASIL. Lei nº 12.546, de 14 de dezembro de 2011. Casa Civil – Brasil, 2011b. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2011/Lei/L12546.htm. Acesso em: 06 de dezembro de 2018.

BRASIL. Lei complementar nº 147, de 7 de agosto de 2014. Casa Civil – Brasil, 2014. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/LCP/Lcp147.htm. Acesso em: 06 de dezembro de 2018.

BRASIL. Lei nº 13.161, de 31 de agosto de 2015. Casa Civil – Brasil, 2015. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13161.htm. Acesso em: 06 de dezembro de 2018.

BRESSER-PEREIRA, L. C.; MARCONI, N. Existe doença holandesa no Brasil? IV Fórum de Economia da FGV, 2008. Disponível em: http://www.bresserpereira.org.br/papers/2008/08.14.Existe.doen%C3%A7a.holandesa.comNelson.Marconi.5.4.08.pdf. Acesso em: 15 de julho de 2019.

CAGNIN, R; PRATES, D. M.; FREITAS, M. et al. A gestão macroeconômica do governo Dilma (2011 e 2012). Revista Novos Estudos CEBRAP. São Paulo, 2013. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-33002013000300011&lng=pt&tlng=pt. Acesso em: 06 de dezembro de 2018.

COSTA, R. F. R.; SILVA, D. O.; LIMA, F. S. Política fiscal local e taxa de crescimento econômico: um estudo com dados em painel. Planejamento e Políticas Públicas – IPEA, v. 42, n. 1, 2014. Disponível em: <http://www.ipea.gov.br/ppp/index.php/PPP/article/view/255>. Acesso em: 06 de dezembro de 2018.

CURADO, M. L.; CURADO, T. Uma estimativa dos custos fiscais da política industrial recente (2004-2016). Texto para discussão - IPEA, n. 2248. Brasília, 2016. Disponível em: . Acesso em: 06 de dezembro de 2018.

DEVARAJAN, S.; SWAROOP, V.; ZOU, H. The composition of public expenditure and economic growth. Journal of Monetary Economics, v. 37, n. 2, p. 313–344, 1996. Disponível em: <http://linkinghub.elsevier.com/retrieve/pii/S0304393296900392>. Acesso em: 06 de dezembro de 2018.

DIVINO, J. A.; SILVA JUNIOR, R. L. S. Composição dos gastos públicos e crescimento econômico dos municípios brasileiros. Revista EconomiA, v. 13, n. 3, p. 507–528, 2012. Disponível em: <http://anpec.org.br/revista/vol13/vol13n3ap507_528.pdf>. Acesso em: 06 de dezembro de 2018.

EASTERLY, W.; REBELO, S. Fiscal policy and economic growth: an empirical investigation. Journal of Monetary Economics, v. 32, n. 3, p. 417–458, 1993. Disponível em: <http://linkinghub.elsevier.com/retrieve/pii/030439329390025B>. Acesso em: 06 de dezembro de 2018.

GENTIL, D.; HERMANN, J. A política fiscal do primeiro governo Dilma Rousseff: ortodoxia e retrocesso. Economia e Sociedade, v. 26, n. 3, p. 793–816, 2017. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-06182017000300793&lng=pt&tlng=pt>. Acesso em: 06 de dezembro de 2018.

HARROD, R. F. An essay in dynamic theory. The Economic Journal, vol. 49, n. 193, 1939. Disponível em: http://piketty.pse.ens.fr/files/Harrod1939.pdf. Acesso em: 06 de dezembro de 2018.

HIRSCHMAN, A. O. The strategy of economic development. Yale

University Press, 1958.

HONDROYIANNIS, G.; LOLOS, S.; PAPAPETROU, E. Energy consumption and economic growth: Assessing the evidence from Greece. Energy Economics, v. 24, n. 4, p. 319–336, 2002. Disponível em: https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0140988302000063. Acesso em: 06 de dezembro de 2018.

IPEA. Gastos tributários do governo federal: um debate necessário. Comunicados do IPEA, v. 117. Brasília, 2011. Disponível em: . Acesso em: 06 de dezembro de 2018.

JONES, L. E.; MANUELLI, R. E.; ROSSI, P. E. Optimal taxation in models of endogenous growth. Journal of Political Economy, v. 101, n. 3, p. 485–517, 1993. Disponível em: <https://www.jstor.org/stable/pdf/2138773.pdf>. Acesso em: 06 de dezembro de 2018.

KALDOR, N. A Model of Economic Growth. The Economic Journal, v. 67, n. 268, pp. 591-624, dez/1957. Disponível em: https://www.jstor.org/stable/2227704. Acesso em: 15 de julho de 2019.

KNELLER, R.; BLEANEY, M. F.; GEMMELL, N. Fiscal policy and growth: evidence from OECD countries. Journal of Public Economics, v. 74, n. 2, p. 171–190, 1999. <https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0047272799000225>. Acesso em: 06 de dezembro de 2018.

KRUGMAN, P. Increasing returns and economic geography. Journal of political economy, v. 99, n. 3, 1991. https://pr.princeton.edu/pictures/g-k/krugman/krugman-increasing_returns_1991.pdf. Acesso em: 06 de dezembro de 2018.

LISBOA, M. B. Governança das políticas públicas. In: Mesquita, M; Barbosa, F. H.; Pessoa, S.; Gleizer, D. L. (Orgs.). Coletânea de capítulos da agenda “sob a luz do sol”. Centro de Debate de Políticas Públicas – CDPP, 2014. http://cdpp.org.br/novo/wp-content/uploads/2014/09/Coletanea-Sob-a-Luz-do-Sol_v2509.pdf. Acesso em: 06 de dezembro de 2018. Acesso em: 06 de dezembro de 2018.

LOPREATO, F. L. Caminhos da política fiscal. Editora Unesp. São Paulo, 2013.

LUCAS, R. E. Supply-side economics: an analytical review. Oxford Economics Papers, v. 42, n. 2, p. 293–316, 1990. <http://piketty.pse.ens.fr/files/Lucas2000.pdf>. Acesso em: 06 de dezembro de 2018.

LUPORINI, V.; ALVES, J. Investimento privado: uma análise empírica para o Brasil. Economia e Sociedade, v. 19, n. 3, p. 449–475, 2010. http://www.scielo.br/pdf/ecos/v19n3/02.pdf. Acesso em: 06 de dezembro de 2018.

MACIEL, M. S. Política de incentivos fiscais: quem recebe isenção por setores e regiões do país. Consultoria Legislativa da Câmara dos Deputados, p. 25, 2010. . Acesso em: 06 de dezembro de 2018.

MELO, G. M.; RODRIGUES JÚNIOR, W. Determinantes do investimento privado no Brasil: 1970-1995. IPEA. Brasília, 1998. http://ipea.gov.br/agencia/images/stories/PDFs/TDs/td_0605.pdf. Acesso em: 06 de dezembro de 2018.

MENDOZA, E. G.; MILESI-FERRETTI, G. M.; ASEA, P. On the ineffectiveness of tax policy in altering long-run growth: Harberger’s superneutrality conjecture. Journal of Public Economics, v. 66, n. 1, p. 99–126, 1997. https://ac.els-cdn.com/S004727279700011X/1-s2.0-S004727279700011X-main.pdf?_tid=813f9cbd-41e9-4413-98f4-ece48f860ad3&acdnat=1539889226_7430fc16cbe5bb86390bb0a358184960. Acesso em: 06 de dezembro de 2018.

NEDUZIAK, L. C. R.; CORREIA, F. M. Alocação dos gastos públicos e crescimento econômico: um estudo em painel para os estados brasileiros. Revista de Administração Pública, v. 51, n. 4, p. 616–632, 2017. <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-76122017000400616&lng=pt&tlng=pt>. Acesso em: 06 de dezembro de 2018.

OCKÉ-REIS, C. O. Mensuração dos gastos tributários: o caso dos planos de saúde (2003-2011). Nota Técnica - IPEA, n. 5. Brasília, 2013. . Acesso em: 06 de dezembro de 2018.

OREIRO, J. L.; FEIJÓ, C. A. Desindustrialização: conceituação, causas, efeitos e o caso brasileiro. Revista de Economia Política, v. 30, nº 2 (118), pp. 219-232, abril-junho/2010. http://www.scielo.br/pdf/rep/v30n2/03.pdf. Acesso em: 06 de dezembro de 2018.

PAES, N. L. Os gastos tributários e seus impactos sobre o desempenho da saúde e da educação. Ciência & Saúde Coletiva, v. 19, n. 4, p. 1245–1253, 2014a. . Acesso em: 06 de dezembro de 2018.

PAES, N. L. Simples Nacional no Brasil: o difícil balanço entre estímulos às pequenas empresas e aos gastos tributários. Nova Economia, v. 24, n. 3, p. 541–554, 2014b. . Acesso em: 06 de dezembro de 2018.

PIRES, M. Carga tributária no Brasil: 1990-2016. Observatório de Política Fiscal - FGV, 2018b. https://observatorio-politica-fiscal.ibre.fgv.br/posts/carga-tributaria-no-brasil-1990-2016. Acesso em: 06 de dezembro de 2018.

RECEITA FEDERAL. Demonstrativo dos Gastos Tributários PLOA 2017. Centro de Estudos Tributários e Aduaneiros - Ministério da Fazenda, p. 131. Brasília, 2017. . Acesso em: 06 de dezembro de 2018.

RIBEIRO, M. B.; TEIXEIRA, J. R. An econometric analysis of private-sector investment in Brazil. Cepal Review, 2001. http://citeseerx.ist.psu.edu/viewdoc/download?doi=10.1.1.518.9519&rep=rep1&type=pdf. Acesso em: 06 de dezembro de 2018.

ROCHA, F.; GIUBERTI, A. C. Composição do gasto público e crescimento econômico: uma avaliação macroeconômica da qualidade dos gastos públicos dos Estados brasileiros. Economia Aplicada, v. 11, n. 4, p. 463–485, 2007.

RODRIK, D. Growth after the crisis. Harvard Kennedy School. Cambridge, 2009. http://siteresources.worldbank.org/EXTPREMNET/Resources/489960-1338997241035/Growth_Commission_Workshops_Financial_Crisis_Impact_Rodrik_Paper.pdf. Acesso em: 06 de dezembro de 2018.

ROMER, P. M. Endogenous technological change. Journal of Political Economy, v. 98, n. 5, Part 2, p. 71–102, 1990. <http://www.journals.uchicago.edu/doi/10.1086/261725>. Acesso em: 06 de dezembro de 2018.

ROMER, P. M. Increasing returns and long-run growth. Journal of Political Economy, v. 94, n. 5, p. 1002–1037, 1986. <https://sci-hub.tw/https://www.jstor.org/stable/1833190?seq=1#page_scan_tab_contents>. Acesso em: 06 de dezembro de 2018.

SALA-I-MARTIN, X. X. I just ran two million regressions. American Economic Review, v. 87, n. 2, p. 178–183, 1997. <https://www.jstor.org/stable/2950909?seq=1#page_scan_tab_contents>. Acesso em: 06 de dezembro de 2018.

SERRANO, F.; SUMMA, R. Demanda agregada e a desaceleração do crescimento econômico brasileiro de 2011 a 2014. Center for Economic and Policy Research, p. 1–42, 2015. http://cepr.net/documents/publications/Brazil-2015-08-portuguese.pdf. Acesso em: 06 de dezembro de 2018.

SHIU, A.; LAM, P.-L. Electricity consumption and economic growth in China. Energy Policy, v. 32, n. 1, p. 47–54, 2004. <http://linkinghub.elsevier.com/retrieve/pii/S0301421502002501>. Acesso em: 06 de dezembro de 2018.

SOLOW, R. A contribution to the theory of economic growth. The Quarterly Journal of Economics, v. 70, n. 1, p. 65–94, 1956. . Acesso em: 06 de dezembro de 2018.

STOKEY, N. L.; REBELO, S. Growth effects of flat-rate taxes. Journal of Political Economy, v. 103, n. 3, 1995. <https://www.journals.uchicago.edu/doi/pdfplus/10.1086/261993>. Acesso em: 06 de dezembro de 2018.

VIEIRA, F. V.; AVELLAR, A. P. M.; VERÍSSIMO, M. P. Indústria e crescimento: análise de painel. Núcleo de Economia Regional e Urbana (NERUS) – USP, TD nº 06. São Paulo, 2013. http://www.usp.br/nereus/wp-content/uploads/TD_Nereus_06_2013.pdf. Acesso em: 15 de julho de 2019.

WERNECK, R. L. Abertura, competitividade e desoneração fiscal. Texto para Discussão – PUC Rio. Rio de Janeiro, 2012. www.econstor.eu/bitstream/10419/176086/1/td603.pdf. Acesso em: 06 de dezembro de 2018.

Publicado

12-01-2021

Como Citar

Corcelli, C. (2021). GASTOS TRIBUTÁRIOS E CRESCIMENTO ECONÔMICO NO BRASIL ENTRE 2004 A 2015: UMA AVALIAÇÃO EMPÍRICA. CADERNOS DE FINANÇAS PÚBLICAS , 20(3). https://doi.org/10.55532/1806-8944.2020.100