Efeito não linear do endividamento público sobre o crescimento econômico: Uma análise para países emergentes
DOI:
https://doi.org/10.55532/1806-8944.2020.69Palavras-chave:
Crescimento Econômico, Dívida Pública, Política FiscalResumo
Após a crise de 2008, houve um processo de contínua deterioração nos indicadores de endividamento em diversos países emergentes. Como observado na literatura, esta deterioração pode ter efeitos negativos sobre o crescimento econômico, seja via aumento dos juros reais ou via aumento da incerteza futura. Com base nestes problemas, o presente trabalho procura analisar o efeito do endividamento público sobre o crescimento econômico para um grupo de 36 países emergentes para o período de 1990 a 2017. Como forma de estimação utilizamos o Método Generalizado de Momentos com variáveis instrumentais para tratar o problema de endogeneidade existente entre endividamento e crescimento econômico.
Como resultado, encontramos que o endividamento possui um efeito não linear, no formato de U invertido, sobre o de crescimento um e cinco anos à frente, sendo que o ponto de reversão, isto é, o ponto em que o efeito do endividamento sobre crescimento é máximo, se encontra entre 40-60 % do PIB, valores significativamente inferiores ao observado para países desenvolvidos. Além disso, realizamos uma série de testes de robustez que corroboraram tanto este efeito não linear do endividamento sobre o crescimento econômico quanto o ponto de reversão.
Por fim, ainda observamos que para países com níveis maiores de democracia, o ponto de reversão é superior em comparação a países com baixos níveis de democracia e para países em que o investimento público é elevado, a relação entre endividamento e crescimento econômico é positiva, isto é, maior endividamento leva a maior crescimento econômico.
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