Gasto público, eficiência e produto real per capita: uma análise dos estados brasileiros entre 2003 e 2014

Autores

  • Frederico Felipe Medeiros
  • Julio Cesar Albuquerque Bastos

DOI:

https://doi.org/10.55532/1806-8944.2019.62

Palavras-chave:

Eficiência do Setor Público, Gasto Público, PIB real per capita

Resumo

O presente trabalho tem por objetivo principal analisar em âmbito estadual a influência da eficiência dos gastos públicos brasileiros sobre o PIB real per capita. Desta forma, o estudo procura evidências empíricas de que quando um estado aumenta sua eficiência do gasto público, este tende para um aumento também no PIB real per capita. Para construção dos indicadores de eficiência, utiliza-se a abordagem não paramétrica Data Envelopment Analysis (DEA). A análise faz uso da metodologia de dados em painel por meio do estimador de efeitos fixos por mínimos quadrados ordinários (FE-OLS), do método generalizado de momentos em diferença (DGMM), do método generalizado de momentos em sistema (SGMM). Os resultados apontam que a eficiência do gasto público tem efeito positivo sobre o PIB real per capita. Além disso, o estudo constata que o gasto produtivo do governo também tem efeito positivo sobre o PIB real per capita, e verifica que o gasto improdutivo do governo afeta negativamente o referido produto. As estimações revelaram também que a magnitude dos efeitos dos gastos produtivos e improdutivos sobre o PIB real per capita depende crucialmente do nível de eficiência da administração pública de cada ente federativo. Portanto, o trabalho analisa empiricamente a relação entre eficiência do gasto público e PIB real per capita no Brasil na esfera estadual, com resultados importantes para orientação de políticas públicas.

Referências

Adam, A., Delis, M. D. e Kammas, P. 2014. Fiscal decentralization and public sector efficiency: evidence from OECD countries. Economics of Governance, 15 (1), 17-49.
Adler, N e Yazhemsky, E. 2010. Improving discrimination in data envelopment analysis: PCA–DEA or variable reduction. European Journal of Operational Research, 202 (1), 273-284.
Adler, N. e Golany, B. 2002. Including principal component weights to improve discrimination in data envelopment analysis. Journal of the Operational Research Society, 53 (9), 985-991.
Afonso, A. e St. Aubyn, M. 2004. Non-Parametric Approaches to Education and Health Expenditure Efficiency in OECD Countries. ISEG-UTL Economics Working Paper, 1.
Afonso, A. e St. Aubyn, M. 2006. Cross-country efficiency of secondary education provision: A semi-parametric analysis with non-discretionary inputs. Economic modelling, 23 (3), 476-491.
Afonso, A., Schuknecht, L. e Tanzi, V. 2005. Public sector efficiency: an international comparison. Public choice, 123 (3-4), 321-347.
Afonso, A., Schuknecht, L. e Tanzi, V. 2010. Public sector efficiency: evidence for new EU member states and emerging markets, Applied Economics, 42 (17), 2147-2164.
Afonso, A., Romero-Barrutieta, A. e Monsalve, E. 2013. Public sector efficiency: evidence for Latin America. ISEG Economics, Working Paper 20.
Afonso, A. e Kazemi, M. 2017. Assessing Public Spending Efficiency in 20 OECD Countries. Inequality and Finance in Macrodynamics, Springer International Publishing, 7-42.
Almeida, R. M., Gonçalves, A. C., Noronha, C. P. e Lins, M. P. 2007. Análise Envoltória de Dados na avaliação de hospitais públicos nas capitais brasileiras. Revista de Saúde Pública, 41 (3), 427-435.
Angelopoulos, K., Philippopoulos, A. e Tsionas, E. 2008. Does public sector efficiency matter? Revisiting the relation between fiscal size and economic growth in a world sample. Public Choice, 137 (1-2), 245-278.
Arellano, M. e Bond, S. 1991. Some tests of specification for panel data: Monte Carlo evidence and an application to employment equations. Review of Economic Studies 58 (2), 277–297.
Arellano, M. e Boover, O. 1995. Another look at the instrumental variable estimation of error-components model. Journal of Econometrics 68 (1), 29-51.
Aschauer, D. A. 1989. Is public expenditure productive? Journal of monetary economics, 23 (2), 177-200.
Badinger, H. 2010. Output volatility and economic growth, Economics Letters, 106, 15–18.
Banker, R. D., Charnes, A. e Cooper, W. W. 1984. Some models for estimating technical and scale inefficiencies in data envelopment analysis. Management science, 30 (9), 1078-1092.
Barro, R. J. 1990. Government spending in a simple model of endogeneous growth. Journal of political economy, 98 (5), Part 2, S103-S125.
Barro, R. J. 1991. Economic growth in a cross section of countries. The quarterly journal of economics, 106 (2), 407-443.
Bergh, A. e Henrekson, M. 2011. Government size and growth: A survey and interpretation of the evidence. Journal of Economic Surveys, 25, 872-897.
Blundell, R. e Bond, S. 1998. Initial conditions and moment restrictions in dynamic panel data models. Journal of Econometrics, 87 (1), 115-143.
Bogetoft, P. e Otto, L. 2010. Benchmarking with Dea, Sfa, and R. New York, Springer Science & Business Media, International Series in Operations Research & Management Science.
Bry, X. e Ventelou, B. 2006. The role of public spending in economic growth: Envelopment methods. Journal of Policy modeling, 28 (4), 403-413.
Boueri, R., Rocha, F. e Rodopoulos, F. (org.) 2015. Avaliação da qualidade do gasto público e mensuração da eficiência. Ministério da Fazenda, Secretaria do Tesouro Nacional.
Bom, P. R. D. e Ligthart, J. E. 2014. What have we learned from three decades of research on the productivity of public capital? Journal of economic surveys, 28 (5), 889-916.
Burnside, C. e Tabova, A. 2009. Risk, volatility, and the global cross-section of growth rates. National Bureau of Economic Research.
Cangussu, R. C., Salvato, M. A. e Nakabashi, L. 2010. Uma análise do capital humano sobre o nível de renda dos estados brasileiros: MRW versus Mincer. Estudos Econômicos (São Paulo), 40 (1), 153-183.
Cashin, P. A. 1994. Government Spending, Taxes, and Economic Growth, IMF Working Paper, 92, 1-36.
Chan, S., Ramly, Z. e Karim, M. Z. A. 2017. Government spending efficiency on economic growth: Roles of value-added tax. Global Economic Review, 46 (2), 162-188.
Charnes, A., Cooper, W. W., Rhodes, E. 1978. Measuring the efficiency of decision making units. European journal of operational research, 2 (6), 429-444.
Cochrane, J. H. 2011. Understanding Policy in the Great Recession: Some Unpleasant Fiscal Arithmetic, European Economic Review, 55 (1), 2–30.
Churchill, A. S., Ugur, M. e Yew, S. L. 2017. Does Government Size Affect Per‐Capita Income Growth? A Hierarchical Meta‐Regression Analysis. Economic Record, 93 (300), 142-171.
Colombier, C. 2009. Growth effects of fiscal policies: an application of robust modified M-estimator. Applied Economics, 41 (7), 899-912.
Colombier, C. 2015. Government size and growth: a survey and interpretation of the evidence–a comment. Journal of Economic Surveys, 29 (5), 887-895.
Delgado, V. M. S. e Machado, A. 2007. Eficiência das escolas públicas estaduais de minas gerais: considerações acerca da qualidade do ensino, Anais do XXXV Encontro Nacional de Economia, ANPEC - Associação Nacional dos Centros de Pós-graduação em Economia.
De Mello, J. C, Gomes, E. G. e Assis, A. S. 2005. Eficiência DEA como medida de desempenho de unidades policiais. Revista Produção Online, 5 (3).
Devarajan, S., Swaroop, V. e ZOU, H. 1996. The composition of public expenditure and economic growth. Journal of monetary economics, 37 (2), 313-344.
Dutu, R. e P. Sicari (2016). Public Spending Efficiency in the OECD: Benchmarking Health Care, Education and General Administration, OECD Economics Department Working Papers, No. 1278, OECD Publishing, Paris.
Dutt, P. e Mitra, D. 2002. Endogenous trade policy through majority voting: an empirical investigation. Journal of International Economics, 58 (1), 107-133.
Easterly, W. e Rebelo, S. 1993. Fiscal policy and economic growth. Journal of monetary economics, 32 (3), 417-458.
Faria, F. P., Jannuzzi, P. M. e Silva, S. J. 2008. Eficiência dos gastos municipais em saúde e educação: uma investigação através da análise envoltória no estado do Rio de Janeiro. Revista de Administração Pública-RAP, 42 (1).
Ferrario, M. N., Santos, A. A., Parre, J. L. e Lopes R. L. 2009. Uma análise espacial do crescimento econômico do Estado do Paraná para os anos 2000 e 2004, Revista Brasileira de Estudos Regionais e Urbanos, 3 (1), 154-177.
Ferreira, C. 2009. Public Debt and Economic Growth: a Granger Causality Panel Data Approach. School of Economics and Management, Technical University of Lisbon, Working Paper, 24.
Ferro, G., Lentini, E. J., Mercadier, A. C. e Romero, C. A. 2014. Efficiency in Brazil's water and sanitation sector and its relationship with regional provision, property and the independence of operators. Utilities Policy, 28, 42-51.
Figueirêdo, L., Noronha, K. V. e Andrade, M. V. 2003. Os impactos da saúde sobre o crescimento econômico na década de 90: uma análise para os estados brasileiros. Texto para discussão Cedeplar-UFMG, 219.
FIRJAN, (2016). A situação fiscal dos estados brasileiros. Publicação Sistema Firjan. Pesquisas e Estudos Socioeconômicos. Conjuntura Econômica.
Fochezatto, A. 2013. Gestão pública no Poder Judiciário: análise da eficiência relativa dos tribunais estaduais usando o método DEA. Economic analysis of law review.
Fournier, J. M. e Johansson, Å. 2016. The effect of the size and the mix of public spending on growth and inequality. OECD Economic Department, Working Papers, 1344, 1.
Gasparini, C.E. e Ramos, F. S. 2004. Relative deficit of health services in Brazilian states and regions. Brazilian Review of Econometrics, 24 (1), 75-107.
Ghose, A. e Das, S. 2013. Government size and economic growth in emerging market economies: A panel co-integration approach. Macroeconomics and Finance in Emerging Market Economies, 6 (1), 14-38.
Gobetti, S. W. e Orair, R. O. 2015. Política fiscal em perspectiva: o ciclo de 16 anos (1999-2014), Revista de Economia Contemporânea, 19 (3).
Gupta, S., Kangur, A., Papageorgiou C. e Wane, A. 2014. Efficiency-adjusted public capital and growth. World Development, 57, 164-178.
Gupta, S. e Verhoeven, M. 2001. The efficiency of government expenditure: experiences from Africa. Journal of policy modeling, 23 (4), 433-467.
Hauner, D. e Kyobe, A. 2010. Determinants of government efficiency. World Development, 38 (11), 1527-1542.
Herrera, S. e Pang, G., 2005. Efficiency of public spending in developing countries: an efficiency frontier approach. World Bank Publications.
Hnatkovska, V. e Loayza, N. 2004. Volatility and growth. World Bank Publications, Working Paper, 3184.
Johansson, Å. 2016. Public Finance, Economic Growth and Inequality: A Survey of the Evidence. OECD Economic Department, Working Papers, 1346, 1.
Levine, R., e Renelt, D. (1992). A sensitivity analysis of cross-country growth regressions. American Economic Review, 82, 942–963.
Lin, S. e Kim, D. 2014. The link between economic growth and growth volatility. Empirical Economics, 46 (1), 43-63.
Lucas, Jr. R. E. 1988. On the mechanism of economic development. Journal of Monetary Economics, 22, 3-42.

Marinho, A. 2003. Avaliação da eficiência técnica nos serviços de saúde nos municípios do Estado do Rio de Janeiro. Revista brasileira de economia, 57 (3), 515-534.
Marinho, A. e Junior, F. G. C. 2014. Assessing the efficiency and the effectiveness of public expenditures on security in Brazilian states. Data Envelopment Analysis and Performance Measurement, p. 45.
Mattos, E., Rocha F., Novaes, L. M., Arvate, P. R. e Orellano, V. I. F. 2010. Economias de escala na oferta de serviços públicos de saúde: um estudo para os municípios paulistas, FGV/EESP, TD 269.
Meza, L. A., Gomes, E. G. e Neto, L. B. 2005. Curso de análise de envoltória de dados, UFF, Disponível em: http://www.uff.br/decisao/sbpo2005_curso.pdf, acesso 14 de março de 2018.
Mitze, T. e Matz, F. 2015. Public debt and growth in German federal states: What can Europe learn? Journal of Policy Modeling, 37 (2), 208-228.
Montenegro, R. L. G., Lopes, T. H. C. R., Ribeiro, L. C. S., Cruz, I. S. e Almeida, C. P. C. 2014. Efeitos do crescimento econômico sobre os estados brasileiros (1992-2006). Economia Aplicada, 18 (2), 215-241.
Musgrave, R.A. 1959. The Theory of Public Finance. McGraw Hill, New York.
Motta, R. S. e Moreira, A. 2006. Efficiency and regulation in the sanitation sector in Brazil. Utilities Policy, 14 (3), 185-195.
Nickell, S. 1981. Biases in dynamic models with fixed effects. Econometrica: Journal of the Econometric Society, 1417-1426.
Nketiah-amponsah, E. 2009. Public spending and economic growth: evidence from Ghana (1970–2004). Development Southern Africa, 26 (3), 477-497.
Nogueira, J. M. M, Oliveira, K. M. M., Vasconcelos, A. P. e Oliveira, L. G. L. 2012. Estudo exploratório da eficiência dos Tribunais de Justiça estaduais brasileiros usando a Análise Envoltória de Dados (DEA). Revista de Administração Pública, 46 (5), 1317-1340.
Oto‐Peralías, D. e Romero‐Ávila, D. 2013. Tracing the link between government size and growth: the role of public sector quality. Kyklos, 66 (2), 229-255.
Ramey, G. e Ramey, V. 1995. Cross-Country Evidence on the Link between Volatility and Growth, American Economic Review, 85 (5), 1138–1151.
Ribas, J. R. e Vieira, P. R. C. 2011. Análise multivariada com o uso do SPSS. Rio de Janeiro: Ciência Moderna.
Ribeiro, M. B. 2008. Desempenho e eficiência do gasto público: uma análise comparativa entre o Brasil e um conjunto de países da América Latina, IPEA, TD 1368.
Roodman, D. 2007. A short note on the theme of too many instruments. Center for Global Development, Working Paper, 125.
Romer, P. M. 1990. Endogenous Technological Change. Journal of Political Economy, 98 (5), 71-102.
Romp, W. e Haan, J. 2007. Public capital and economic growth: A critical survey. Perspektiven der Wirtschaftspolitik, 8 (S1), 6-52.
Scalco, P. R., Amorim, A. L. e Gomes, A. P. 2012. Eficiência técnica da polícia militar em Minas Gerais. Nova Economia, 22 (1), 165-190.
Sousa, M. C. S. e Ramos, F. S. 1999. Eficiência técnica e retornos de escala na produção de serviços públicos municipais: o caso do Nordeste e do Sudeste brasileiros. Revista brasileira de economia, 53 (4), 433-461.
Souza, I. V., Nishijima, M. e Rocha, F. 2010. Eficiência do setor hospitalar nos municípios paulistas. Economia aplicada, 14 (1), 51-66.
Souza, B. L. A. 2015. Mensurando a eficiência do Judiciário brasileiro: uma abordagem DEA em dois estágios. viii, 147 f., il. Dissertação (Mestrado Profissional em Gestão Econômica de Finanças Públicas) – Universidade de Brasília, Brasília.
Sousa, M. C. S. e Schwengber, S. B. 2005. Efficiency estimates for judicial services in Brazil: Nonparametric FDH and the expected Ordem-M efficiency scores for Rio Grande do Sul Courts. Encontro da ANPEC 2005.
Sutherland, D., Price, R., Joumard, I. e Nicq, C. 2007. Performance indicators for public spending efficiency in primary and secondary education, Working Paper, 546, OECD Economics Department.
Tupper, H.C. e Resende, M. 2004. Efficiency and regulatory issues in the Brazilian water and sewage sector: an empirical study. Utilities Policy, 12 (1), 29-40.
Woo, J. e Kumar, M. S. 2015. Public debt and growth. Economica, 82 (328), 705-739.
Yeung, L. L. T. 2010. Além dos "achismos", do senso comum e das evidências anedóticas: uma análise econômica do judiciário brasileiro. Tese (Doutorado em Economia de Empresas) - FGV - Fundação Getúlio Vargas, São Paulo.
Yongjin, S.A. 2011. Government size, economic growth and unemployment: Evidence from advanced and developing economy countries (a time series analysis, 1996-2006). International Review of Public Administration, 16 (2), 95.
Zoghbi, A. C. P., Matos, E. H. C., Rocha, F. F., e Arvate, P. R. 2009. Mensurando o desempenho e a eficiência dos gastos estaduais em educação fundamental e média. Estudos Econômicos, São Paulo, 39 (4), 785-809.
Zoghbi, A. C., Mattos, E. M., Rocha, F. R. R., e Arvate, P. A. 2011. Uma análise da eficiência nos gastos em educação fundamental para os municípios paulistas. Planejamento e políticas públicas, 36.

Downloads

Publicado

16-03-2020

Como Citar

Medeiros , F. F. ., & Albuquerque Bastos, J. C. . (2020). Gasto público, eficiência e produto real per capita: uma análise dos estados brasileiros entre 2003 e 2014. CADERNOS DE FINANÇAS PÚBLICAS , 19(3). https://doi.org/10.55532/1806-8944.2019.62