n. 23 (2016): TD: A gestão da dívida pública, o efeito riqueza e a transmissão da política monetária
Disponível em: Textos para Discussão
Autores
Daniel Carvalho Cunha
Lucas Gurgel Leite
Mauricio Dias Leister
Resumo: No Brasil, o estudo do efeito riqueza da dívida pública tem se concentrado na perda de potência da política monetária oriunda da alta participação das Letras Financeiras do Tesouro (LFTs) no estoque da Dívida Pública Mobiliária Federal Interna (DPMFi). Assim, há escassez de pesquisas sobre os impactos do canal riqueza como um todo, bem como do efeito riqueza da dívida pública, dificultando a avaliação desses efeitos, uma vez que não há uma análise comparativa dos efeitos gerados por diferentes classes de ativos. Nesse sentido, o objetivo deste artigo é reduzir essa lacuna, por meio da avaliação da repercussão da gestão da dívida pública sobre a potência da política monetária vis-à-vis outras formas de riqueza, tendo em conta as implicações do efeito riqueza na transmissão da política monetária. Dessa forma, foi construído um VAR estrutural a fim de isolar o impacto do efeito riqueza da transmissão da política monetária e, nesse contexto, foram testados 14 modelos, dentre os quais 10 objetivaram sensibilizar componentes da dívida pública, 2 visaram mensurar ativos de renda fixa e 2 buscaram aferir ativos de renda variável. O resultado obtido foi que, em todos os modelos, não foi possível rejeitar a hipótese de que o efeito riqueza em questão seja igual a zero, ao nível de confiança de 95%. Desse modo, mesmo ponderando diferentes estoques de riqueza, não foram encontradas evidências robustas da existência do efeito riqueza. Além disso, no caso da dívida pública, o resultado obtido não denota que o estoque de LFTs seja o responsável pela nulidade do efeito riqueza da dívida pública, já que, mesmo retirando da mencionada dívida o estoque de LFTs, esta continua apresentando efeito riqueza não significativo.
A Série de Textos para Discussão
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A série pretende fomentar a produção acadêmica, assim como a de proposições práticas, ancoradas em estudos e pesquisas, de modo a fazer avançar a fronteira do conhecimento em áreas relevantes para a tomada de decisão pública e privada no país.